O Canto das Palavras


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terça-feira, dezembro 16


Eu me dei conta de que cada vez que um dos meus cachorros parte, ele leva um pedaço do meu coração com ele. Cada vez que um cachorro novo entra na minha vida, ele me abençoa com um pedaço do coração dele. Se eu viver uma vida bem longa, com sorte, todas as partes do meu coração serão de cachorro, então eu me tornarei tão generosa e cheia de amor como eles.

segunda-feira, novembro 3

Halloween - Você sabe o que é isto?



por Patricia Fox



Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o Hallowe’en não é somente um americanismo ou uma data comercial. Suas origens se perdem nas brumas do tempo e indicam um período de grande espiritualidade e magia. Costumo dizer em meus cursos e palestras que por trás da linguagem dos homens ouve-se a voz dos deuses. Do mesmo modo, muitas práticas e costumes de nossas sociedades podem revelar – se soubermos procurar – conceitos interessantes de espiritualidades ancestrais.

Tal é o caso do Hallowe’en – conhecido em português como Dia das Bruxas.

Em primeiro lugar, o que significa a palavra Hallowe’en?

Ela é o resultado da contração de três palavras em inglês: All Hallows’ Evening, ou seja, a véspera de Todos os Santos, uma data (1º de Novembro) criada pela igreja cristã para honrar todos os santos.

O mesmo calendário cristão tem no dia seguinte – 2 de Novembro – o Dia dos Mortos ou Dia de Finados, criado nos primeiros séculos do cristianismo para honrar e homenagear nossos ancestrais já falecidos.

Originalmente celebrado em meados de Março, o dia dos Mortos foi posteriormente transferido pela igreja para a atual data. Contudo, por trás dessas datas cristãs existe uma rica história que nos remete ao passado, mais precisamente à época dos celtas, esse fascinante e importante povo que viveu por todo o continente europeu e deixa até hoje um importante legado cultural e espiritual para o ocidente.

Origens Celtas Uma das mais marcantes características da espiritualidade celta – também conhecida como druidismo – é a sua conexão com a Natureza. Para os celtas, tudo no universo é vivo e, portanto, sagrado. Animais, árvores, ventos, a chuva, os rios e lagos, as montanhas – tudo possui dentro de si uma energia vital, uma alma, que interage com as demais criaturas num balé de celebração da vida. A compreensão prática dos ciclos sazonais, fundamental para uma sociedade dedicada à agricultura e à criação de animais como a celta, levou ao desenvolvimento de uma filosofia para a qual todos os estágios dessa ciclicidade têm igual importância: primavera, verão, outono e inverno são respectivamente os períodos de nascimento, apogeu, declínio e morte.

O mesmo padrão pode ser encontrado num dia – aurora, meio-dia, poente e noite – e em nossas próprias vidas bem como na de todas as criaturas. No Hemisfério Norte, onde as estações são invertidas com relação às nossas no Sul, o mês de Novembro marca a aproximação do inverno, um período em que a paisagem temperada da Europa mostra um recolhimento das forças vitais – árvores que desfolham, animais que migram ou hibernam, solo que não produz. Para os celtas, isso não é negativo: o inverno – tal qual a noite - é o período de repouso, de recolhimento, de introspecção. Essa introspecção punha os indivíduos em contato com suas origens, com sua família, com sua comunidade, através do fortalecimento dos laços de amizade e parentesco, e isso era marcado por uma celebração que até hoje dá nome ao mês de Novembro no idioma irlandês: Samhain.

Nessa data, os celtas entravam em contato com seus ancestrais mortos e com os deuses, pedindo-lhes inspiração e proteção para suportar os desafios trazidos pelos gelados frios do inverno, e isso era feito numa bela celebração em que os laços familiares e comunitários eram estreitados em honra aos ancestrais comuns e aos deuses e deusas da natureza.

Com a cristianização da Europa a espiritualidade celta entrou em declínio suplantada pela nova religião. A perseguição imposta pela igreja levou os seguidores da ancestral religião celta a serem vistos como contrários ao cristianismo, bruxos – daí a denominação em português de Dia das Bruxas. Sobrevivência Contudo, tamanha é a força e o apelo da vigorosa espiritualidade celta que seus temas foram preservados, ainda que distorcidos, nas práticas cristãs. Assim, diante do apego da população do oeste europeu em honrar seus mortos naquela data, a igreja se viu obrigada a adotá-la e adequá-la ao seu calendário, originando o dia de Finados cristão. E como na mesma data os celtas também entravam em comunhão com seus deuses e deusas, o cristianismo trouxe para praticamente a mesma data o seu Dia de Todos os Santos (muitos santos e santas cristãos na verdade são adaptações de deuses e deusas ancestrais, como Sta. Brígida, por exemplo – originalmente a poderosa deusa celta Brighid).

Como se vê, o Hallowe’en é muito mais do que fantasias e brincadeiras para crianças; a compreensão da dimensão sagrada do Hallowe’en – desde sua origem celta passando pela influência cristã – nos inspira a nos conectarmos às nossas origens - honrando nossos ancestrais - e também a divinizarmos nossas vidas, através do contato com o mundo sagrado de deuses e santos.

sexta-feira, outubro 24



A Lua
Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia

Depois é Lua novamente

Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua-Nova

Mente quem diz
Que a Lua é velha

Mente quem diz!






quinta-feira, outubro 16

O milagre de Dona Marta


por Noblat/O Globo

Nunca antes na história deste país os mais destacados blogueiros haviam falado a mesma língua, defendido o mesmo ponto de vista e investido na mesma direção. Pois isso ocorreu ontem - e talvez jamais se repita. Credite-se a proeza a Marta Suplicy, candidata do PT à prefeita de São Paulo, e ao comercial de sua campanha que perguntou sobre a condição civil de Gilberto Kassab (DEM).
De Ricardo Kostcho, ex-porta-voz do governo Lula:
"Pensei que este tempo de levar a campanha eleitoral para a lama, quando as pesquisas mostram um cenário desfavorável, tivesse ficado para trás e nunca mais eu fosse obrigado a escrever sobre este esgoto da política que, na falta de argumentos, parte para atacar a vida pessoal do adversário.
(...) "É casado? Tem filhos?" O que quis dizer a campanha de Marta ao ficar martelando estas perguntas sobre a vida de Gilberto Kassab? Por acaso tem algum eleitor em São Paulo que não saiba que o atual prefeito candidato à reeleição é solteiro e não tem filhos?
Qual é o problema? O que isso tem a ver com a decisão dos eleitores na hora de votar para escolher o candidato ou a candidata que considerem melhor para administrar a cidade?"
De Rosane de Oliveira, colunista do jornal Zero Hora, de Porto Alegre:
"Que fim levou aquela Marta Suplicy que conhecemos defendendo as minorias? A sexóloga sem preconceitos? A mulher que fez do casamento entre homossexuais (ou união civil) uma das suas bandeira?
A perspectiva de perder a eleição no segundo turno (está 17 pontos percentuais atrás do adversário na pesquisa do Datafolha) transformou aquela Marta numa candidata que apela para o que sempre condenou: a exploração da vida pessoal do adversário. Pior, com insinuações que nada têm a ver com a capacidade de Gilberto Kassab (DEM) para administrar uma metrópole complicada como São Paulo".
De Reinaldo Azevedo na VEJA online:
"Caberia ao DEM indagar se, quando Marta namorou aquele argentino pela primeira vez, já havia rompido formalmente o casamento com Eduardo Suplicy? Eu acho que não. Eis aí. Eis o PT que diz combater preconceitos. Eis o PT de Lula, que ele diz ser alvo de discriminação. "
De Kennedy Alencar na Folha Online:
"Comercial político do PT paulistano indaga se o prefeito Gilberto Kassab (DEM) é casado e se tem filhos. Ora, qual a relevância disso para quem é candidato? Qual a importância para administrar a maior cidade do país se ele é casado, solteiro, viúvo, tico-tico no fubá?"
De Gilberto Dimenstein na Folha Online:
"Não sei o que fica pior: ela [Marta] ser a responsável ou dizer que não sabia que algo tão grave iria para o ar e, depois, defender a baixaria. Só posso entender o fato pelo desespero de quem vê a eleição escorrer pelas mãos.
Ficaria muito melhor para a biografia dela (uma biografia que considero respeitável) pedir simplesmente desculpas. Se ela vencer a eleição na base desse tipo de impropriedade, pode ganhar mas, de verdade, perdeu."
De Cristiana Lobo no G1:
"Não pegou nada bem para Marta o tom de seu programa na estréia do horário eleitoral na televisão. Os eleitores de Marta usam como defesa de sua candidata exatamente aquilo que se imaginava que ela era: uma mulher moderna, de cabeça aberta, alguém que sempre frequentou as paradas gays em São Paulo, defensora do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, de repente, aparece outra Marta. Com insinuações sobre a sexualidade alheia".
De Josias de Souza no UOL:
"O curioso é que a própria Marta, quando trocou o senador Suplicy pelo argentino Favre, foi vítima de odiosas insinuações. Pena que o desespero momentâneo a tenha desnudado. Lamentável que o flerte com a derrota a tenha conduzido para a sarjeta eleitoral."
De Lauro Jardim na VEJA online:
"Num programa que já virou histórico pelo grau de apelação, insinuação e baixaria, um locutor pergunta ao paulistano, tendo ao fundo uma foto de Kassab: 'É casado? Tem filhos?'. Em seguida, aconselha: 'Para decidir certo, é preciso conhecer bem'.
De Fábio Campana:
"Kassab é solteiro. Marta insinua. Diz que a população tem o direito de saber se ele é casado e tem filhos. Logo a Marta, sexóloga, primeira mulher a tratar do assunto abertamente na TV e sempre avessa à esse tipo de questionamento.
De Pedro Dória:
"Marta não tem o direito de fazer uma insinuação assim tão grosseira. Não ela, que tem histórico de lutar pela igualdade de direitos entre homossexuais e heterossexuais. (...) Parece dizer: às favas os princípios, o que vale é vencer.
(...) O argumento (cínico) para justificar um ataque desses é que o eleitor tem o direito de saber tudo sobre seu candidato. Mas isso não é verdade. Não é da conta do eleitor quantas vezes Marta pulou a cerca quando era casada com Eduardo, ou vice-versa. Não importa ao eleitor que jogos eróticos lhes agradavam ou desagradavam. Houve o tempo em que considerava- se que perder a virgindade dizia algo a respeito do caráter de uma mulher solteira. Pois opção sexual não diz rigorosamente nada a respeito do caráter, bom ou mau, de Gilberto Kassab."
De Daniel Piza, no site do jornal O Estadão de S. Paulo:
"Uma coisa, porém, já é extremamente lamentável nesta campanha de segundo turno: o tom pessoal da propaganda de TV petista, que entre outras coisas pergunta se Kassab é casado e tem filhos. E daí se tem ou não? Lula sofreu com a história de Miriam Cordeiro em 1989 e a própria Marta com a de Luis Favre em 2000. Que use o mesmo expediente não deixa de ser sinal dos maus tempos".
De Guilherme Fiuza no site da revista ÉPOCA:
"A sexóloga está insinuando que o prefeito de São Paulo é gay. Faz isso no mesmo discurso em que o acusa de ligação com Celso Pitta, processado por corrupção. Para a Marta de hoje, homossexualismo e desonestidade estão do mesmo lado.
A vida é assim, as pessoas mudam seus credos. Não há mal nenhum nisso.
Mas o esclarecimento é importante. Na próxima vez que Marta recomendar a você que relaxe e goze, não vá interpretando ao pé da letra. Confira primeiro a sua situação conjugal."



http://oglobo. globo.com/ pais/noblat/ post.asp? cod_post= 132702

http://www.gifothon.com/signatures/resultat/?v=0&i=4fdbdf6c&d=0&





terça-feira, outubro 14

Oração do Cão Idoso




Minha vida, dura apenas uma parte de sua vida.
Qualquer separação de você, significa sofrimento para mim.
Pense nisso antes de me adotar.

Tenha paciência e me dê um tempo para que eu possa compreender o que você espera de mim.
Você também nem sempre entende exatamente as coisas que eu espero de você.

Deposite sua confiança em mim, pois eu vivo disso e vou compensá-lo por isso mais do que ninguém.

Nunca guarde rancor de mim ou me prenda de castigo, se eu aprontar alguma, você tem amigos além de mim, tem seu trabalho e seu lazer, mas eu só tenho você.

Converse comigo, eu não entendo todas as palavras, mas me faz bem ouvir sua voz falando só para mim.

Pense bem como você, seus amigos e visitas me tratam!
Eu jamais esquecerei.

Também pense que quando você quiser me bater, eu poderia quebrar todos os ossos da sua mão, mas eu não lanço mão deste recurso.

Se alguma vez você não estiver satisfeito comigo porque estou de mau humor, preguiçoso ou desobediente, pense que talvez minha comida não esteja me fazendo bem, ou que meu coração já esteja um pouco cansado e fraco.

Por favor,tenha compreensão comigo quando eu envelhecer.
Não pense logo em me abandonar para adotar um cãozinho novo e bonitinho.
Você também envelhece.

E, quando chegar meu último e mais difícil momento, pois será o momento da partida, fique comigo.
Não diga: não posso ver isso.
Com a sua presença tudo será mais fácil para mim.
A fidelidade de toda a minha vida de cachorro valeu a pena.



quarta-feira, setembro 24

A Fascinante Metrópole São Paulo

na visão de Washington Olivetto

Alguns dos meus queridos amigos cariocas têm mania de achar São Paulo parecida com Nova York. Discordo deles. Só acha São Paulo parecida com Nova York quem não conhece bem a cidade. Ou melhor, quem a conhece superficialmente e imagina que São Paulo seja apenas uma imensa Rua Oscar Freire. Na verdade, o grande fascínio de São Paulo é parecer-se com muitas cidades ao mesmo tempo e, por isso mesmo, não se parecer com nenhuma. São Paulo, entre muitas outras parecenças, se parece com Paris no Largo do Arouche, Salvador na Estação do Brás, Tóquio na Liberdade, Roma ao lado do Teatro Municipal, Munique em Santo Amaro, Lisboa no Paris, com o Soho londrino na Vila Madalena e com a pernambucana Olinda na Freguesia do Ó. São Paulo é um somatório de qualidades e defeitos, alegrias e tristezas, festejos e tragédias. Tem hotéis de luxo, como o Fasano, o Emiliano e o L'Hotel, mas também tem gente dormindo embaixo das pontes. Tem o deslumbrante pôr-do-sol do Alto de Pinheiros e a exuberante vegetação da Cantareira, mas também tem o ar mais poluído do país. Promove shows dos Rolling Stones e do U2, mas também promove acidentes como o da cratera do metrô e o do avião da TAM em Congonhas. São Paulo é sempre surpreendente. Um grupo de meia dúzia de paulistanos significa um italiano, um japonês, um baiano, um chinês, um curitibano e um alemão. São Paulo é realmente curiosa. Por exemplo: tem diversos grandes times de futebol, sendo que um deles leva o nome da própria cidade e recebeu o apelido 'o mais querido'. Mas, na verdade, o maior e o mais querido é o Corinthians, que tem nome inglês, fica perto da Portuguesa e foi fundado por italianos, igualzinho ao seu inimigo de estimação, o Palmeiras. São Paulo nasceu dos santos padres jesuítas, em 1554, mas chegou a 2007 tendo como celebridade o permissivo Oscar Maroni, do afamado Bahamas. São Paulo já foi chamada de 'o túmulo do samba' por Vinicius de Moraes, coisa que Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e Germano Mathias provaram não ser verdade, e, apesar da deselegância discreta de suas meninas, corretamente constatada por Caetano Veloso, produziu chiques, como Dener Pamplona de Abreu e Gloria Kalil. São Paulo faz pizzas melhores que as de Nápoles, sushis melhores que os de Tóquio, lagareiras melhores que as de Lisboa e pastéis de feira melhores que os de Paris, até porque em Paris não existem pastéis, muito menos os de feira. Em alguns momentos, São Paulo se acha o máximo, em outros um horror. Nenhum lugar do planeta é tão maniqueísta. São Paulo teve o bom senso de imitar os botequins cariocas, e agora são os cariocas que andam imitando as suas imitações paulistanas. São Paulo teve o mau senso de ser a primeira cidade brasileira a importar a CowParade, uma colonizada e pavorosa manifestação de subarte urbana, e agora o Rio faz o mesmo. São Paulo se poluiu visualmente com a Cow Parade, mas se despoluiu com o Projeto Cidade Limpa. Agora tem de começar urgentemente a despoluir o Tietê para valer, coisa que os ingleses já provaram ser perfeitamente possível com o Tâmisa. Mesmo despoluindo o Tietê, mantendo a cidade limpa, purificando o ar, organizando o mobiliário urbano, regulamentando os projetos arquitetônicos, diminuindo as invasões sonoras e melhorando o tráfego, São Paulo jamais será uma cidade belíssima. Porque a beleza de São Paulo não é fruto da mamãe natureza, é fruto do trabalho do homem. Reside, principalmente, nas inúmeras oportunidades que a cidade oferece, no clima de excitação permanente, na mescla de raças e classes sociais. São Paulo é a cidade em que a democratização da beleza, fenômeno gerado pela miscigenação, melhor se manifesta. São Paulo é uma cidade em que o corpo e as mãos do homem trabalharam direitinho, coisa que se reconhece observando as meninas que circulam pelas ruas. E se confirma analisando obras como o Pátio do Colégio (local de fundação da cidade), a Estação da Luz (onde hoje fica o Museu da Língua Portuguesa), o Mosteiro de São Bento, a Oca, no Parque do Ibirapuera, o Terraço Itália, a Avenida Paulista, o Sesc Pompéia, o palacete Vila Penteado, o Masp, o Memorial da América Latina, a Santa Casa de Misericórdia, a Pinacoteca e mais uma infinidade de lugares desta cidade que não pode parar, até porque tem mais carros do que estacionamentos. São Paulo não é geograficamente linda, não tem mares azuis, areias brancas nem montanhas recortadas. Nossa surfista mais famosa é a Bruna, e nossos alpinistas, na maioria, são sociais. Mas, mesmo se levarmos o julgamento para o quesito das belezas naturais, São Paulo se dá mundialmente muito bem por uma razão tecnicamente comprovada. Entre as maiores cidades do mundo, como Tóquio, Nova York e Cidade do México, em matéria de proximidade da beleza, São Paulo é, disparado, a melhor. Porque é a única que fica a apenas 45 minutos de vôo do Rio de Janeiro. O mais importante é que com essa distância nenhuma bala perdida pode alcançar São Paulo !

Washington Olivetto é paulista, paulistano e publicitário

sexta-feira, setembro 19

Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz.
Eu nunca fui livre na minha vida inteira.
Por dentro eu sempre me persegui.
Eu me tornei intolerável para mim mesma.
Vivo numa dualidade dilacerante.
Eu tenho uma aparente liberdade
mas estou presa dentro de mim.
Eu queria uma liberdade olímpica.
Mas essa liberdade só é concedida aos seres imateriais.
Enquanto eu tiver corpo, ele me submeterá às suas exigências.
Vejo a liberdade como uma forma de beleza
e essa beleza me falta.
Clarice Lispector

segunda-feira, setembro 15

"Às vezes é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota, do que abrir a boca e não deixar nenhuma dúvida."

sábado, agosto 30

A Importância da Vírgula

Sobre a Vírgula

1. Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

2. Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

3. Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

4. Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

5. E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

6. Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

7. A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Quer ver como uma vírgula muda tudo?

Faça o teste: AONDE VOCÊ COLOCARIA A VÍRGULA NO TEXTO ABAIXO?

"SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE

QUATRO À SUA PROCURA."

- Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.

- Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

quinta-feira, agosto 28

NEUROGINÁSTICA - AFASTE O ALZHEIMER


foto: blog.uncovering.org/archives/uploads/2007/070...

Ginástica para o cérebro:
Trocar de mão para escovar os dentes é bom para o cérebro.
O simples gesto de trocar de mão para escovar os dentes, contrariando a rotina e obrigando à estimulação do cérebro, é uma nova técnica para melhorar a concentração, treinando a criatividade e inteligência e, assim, realizando um exercício de NEURÓBICA.
Uma descoberta dentro da Neuro ciência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.
Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbica dos neurônios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro.
Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro.
Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa.
O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional...

Tente fazer um teste:
- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (na China o pessoal treina isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho;
A proposta é mudar o comportamento rotineiro.
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro.
Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?

Leia mais http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/alzheimer_especial.asp

domingo, agosto 10

Dia Das Mais! (As Mães/Pais)


Ah... se os filhos soubessem como é importante a companhia deles, assim, sem hora marcada, sem a obrigação das datas especiais como Dia das Mães, Aniversário ou Natal ...

Ah... se soubessem como é gratificante saber que esse nosso caso de amor é pra sempre, é recíproco e sem cobranças, que partilhar algumas horas do dia em sua companhia nos faz vitoriosas, felizes, nos dando a concreta certeza que demos o melhor de nós mesmas para que as asas lhes crescessem e pudessem alçar o voo da dignidade e sabedoria, que estes momentos valem muito mais do que um presente caro, como um perfume francês ou uma viagem internacional..

Ah... esses nossos filhos têm muito que aprender e apreender da vida em que, muitas vezes temos que carregar o peso inglorioso das agruras absolutamente sozinhas, dependendo apenas da força das mãos e da própria coragem...

Talvez com a chegada dos próprios filhos deles, quem sabe não se tornarão mais presentes, participativos e emotivos como eu, assim, nesse exato momento...


Depois de 15 anos de casado, descobri uma nova maneira de manter viva a chama do amor.

Há pouco tempo decidi sair com outra mulher. Na realidade foi ideia da minha esposa.

- Você sabe que a ama! - disse-me minha esposa um dia, pegando-me de surpresa. A vida é muito curta, você deve dedicar especial tempo a essa mulher...

- Mas, eu te amo - protestei à minha mulher.

- Eu sei. Mas, você também a ama. Tenho certeza disto.

A outra mulher, a quem minha esposa queria que eu visitasse, era minha mãe, que vivia sozinha há muitos anos, mas as exigências do meu trabalho e de meus 3 filhos, faziam com que eu a visitasse ocasionalmente.

Essa noite, a convidei para jantar e ir ao cinema.

- O que é que você tem? Você está bem? - perguntou-me ela, após o convite (minha mãe é o tipo de mulher que acredita que uma chamada tarde da noite, ou um convite surpresa é indício de más notícias).

- Pensei que seria agradável passar algum tempo com você - respondi a ela.

- Só nós dois; o que acha? Ela refletiu por um momento.

- Me agradaria muitíssimo - disse ela sorrindo.

Depois de alguns dias, estava dirigindo para pegá-la depois do trabalho, estava um tanto nervoso, era o nervosismo que antecede a um primeiro encontro... E que coisa interessante, pude notar que ela também estava muito emocionada. Esperava-me na porta com seu casaco, havia feito um novo corte de cabelo e usava o vestido com que celebrou seu último aniversário de bodas. Seu rosto sorria e irradiava luz como um anjo.

- Eu disse a minhas amigas que ia sair com você, e ficaram muito impressionadas. Comentou enquanto subia no carro. Fomos a um restaurante não muito elegante, mas, sim, aconchegante, minha mãe se agarrou ao meu braço como se fosse 'a primeira dama'.

Quando nos sentamos, tive que ler para ela o menu. Seus olhos só enxergavam grandes figuras. Quando estava pela metade das entradas, levantei os olhos; mamãe estava sentada do outro lado da mesa, e me olhava fixamente. Um sorriso nostálgico se delineava nos seus lábios.

- Era eu quem lia o menu quando você era pequeno - disse-me. - Então é hora de relaxar e me permitir devolver o favor - respondi.

Durante o jantar tivemos uma agradável conversa; nada extraordinário, só colocando em dia a vida um para o outro. Falamos tanto que perdemos o horário do cinema.

- Sairei com você outra vez, mas só se me deixar fazer o convite disse minha mãe quando a levei para casa. E eu concordei.

- Como foi o seu encontro? - quis saber minha esposa quando cheguei naquela noite. - Muito agradável... Muito mais do que imaginei...

Dias mais tarde minha mãe faleceu de um enfarte fulminante, tudo foi tão rápido, não pude fazer nada. Depois de algum tempo recebi um envelope com cópia de um cheque do restaurante de onde havíamos jantado minha mãe e eu, e uma nota que dizia:

'O jantar que teríamos paguei antecipado, estava quase certa de que poderia não estar ali, por isso paguei um jantar para você e para sua esposa. Você jamais poderá entender o que aquela noite significou para mim. Te amo'.

Nesse momento compreendi a importância de dizer a tempo: 'TE AMO' e de dar a nossos entes queridos o espaço que merecem. Nada na vida será mais importante que Deus e as pessoas que você ama, dedique tempo a eles, porque eles não podem esperar.



É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...'(Renato Russo)
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sábado, agosto 9

O SHOW DA ABERTURA DOS JOGOS OLÍMPICOS NA CHINA

Fonte http://herlkeson.blogspot.com/2008/08/fotos-de-abertura-dos-jogos-olimpicos.html


Ontem assisti em total deslumbramento o espetáculo idealizado e personificado pelos chineses de olhinhos rasgados e pequenos, mas de uma visão ampla, estrastosférica, que vislumbra além, muito além do horizonte.

Que foi aquilo meu Deus? Que Magnifico, que esplendoroso, que estupendo!

Confesso que fui uma atleta que viveu no seu tempo errado.

Gostava de vestir o meu tênis, prender meus cabelos num rabo de cavalo e partir para o confronto.

Lutava pelas medalhas que não eram de bronze, prata ou ouro - eram de um metal dourado, baratinho mesmo, mas que pra mim significavam muito: a recompensa pela minha dedicação e esforço.

Saía de casa cedinho, escuro ainda, e seguia para a ACM na Nestor Pestana para o curso de Saltos Ornamentais na piscina aquecida. Depois seguia a pé para o trabalho - um escritório que ficava bem próximo e à noite, antes do cursinho, voltava ao clube para treinar. Jogava Volley e Basket Ball e ainda praticava natação e ginástica. Antes da ACM, menina ainda, já havia participado de vários torneios pela escola. Mas foi lá pelos 17 anos que passei a me dedicar com maior afinco ao esporte. Ganhei campeonatos de ginástica rítmica e Saltos e tenho guardadas entre meus tesouros, as medalhas já não tão amarelas e os Certificados de Participação nos jogos.

Mas aquele não era meu tempo, não tinha recursos para me dedicar unicamente ao esporte. Tinha que trabalhar duro para pagar o Cursinho e a Faculdade que viria depois, mas mesmo assim dedicava todo o tempo livre para as atividades desportivas. Apesar de gostar e participar de muitas modalidades, acredito que teria me saído muito bem na natação. Os professores diziam que eu devia participar de campeonatos e me dedicar mais a esse esporte pois tinha vitalidade, técnica e velocidade nos movimentos. Ah, bem que eu gostaria mesmo..... mas há 30 anos atrás não havia tanto empenho das autoridades e acredito que mesmo hoje, ainda há muita dificuldade em se conseguir patrocínio que ampare e de condições a esses nossos heróis.
É não deu! Mas não me tornei uma ex-atleta frustrada não.
Gosto de acompanhar os esportes pela TV e em época de Pan, Olimpíada e Copa do Mundo eu viro madrugadas acordada para assistir aos jogos e exibições. E torço muito, e grito, e choro com o Hino Nacional cantado com emoção pela seleção brasileira (impossível não lembrar do nosso Airton Senna, o nosso grande campeão que dava aulas de civilidade, algo tão em desuso pelos brasileiros, especialmente os que circulam no centro do poder, em Brasília). Vibro com os saltos magníficos das nossas ginastas que parecem flutuar como uma fada dos contos da minha infância, de tão suaves, de tão ágeis, de tão encantadoras; com a beleza e disciplina das meninas do nado sincronizado; com a força e agilidade dos ginastas masculinos que extrapolam as leis da gravidade, pairando alguns segundos no ar como se tivessem asas transparentes que lhe dessem sustentabilidade para tal - vc já viu Diego Hipólito, nosso grande medalhista, quando faz o triplo, flutua suspenso em milésimos de segundos e cai deitado, levantando-se num único salto?
Me pergunto como pode isso?
Pode!
Pode sim, com muito empenho, com muita luta e com muito amor pelo esporte e por um País que deveria investir muito mais nessa juventude.
O esporte é saudável e agregador. Quanto mais se investe e se divulga nesse setor, mais crianças e jovens se interessarão em praticar uma modalidade que os agrade e quem sabe, se tornar um grande desportista e mesmo que não se torne um campeão de medalhas, certamente será um vencedor por não ter percorridos outros tortos caminhos como de muitos que vivem nas ruas em delito, custeados pelo trafico e pelo crime.
Acorda Brasil! Acordem Autoridades!
Desempenhem com civilidade o que esperamos de vocês: Respeito e amparo aos nossos pequenos, oferecendo-lhes estudo, saúde e ESPORTE!

terça-feira, julho 29

Livrammi di tutto il male. Amen

quinta-feira, junho 12

Quando você não gosta de uma pessoa é apenas rancor.
É um problema que você tem consigo mesmo.
Quando você não quer que ninguém goste daquela pessoa aí é inveja mesmo.
É um problema que você tem com ela.
Quando você não gosta de uma pessoa, não quer que ninguém goste dela e ainda tenta convencer seus admiradores de que ela não vale a pena, aí já é uma patologia grave.
Você queria SER ela e ter os amigos e admiradores que ela tem.
Ou seja, você tem um problema consigo mesmo, com ela e com o mundo!
Rosana Hermann
Interessante e verdadeiro esse pensamento! É para ler, reler e guardar para, vez em quando, oferecer àquele ou àquela infeliz criatura que respira á tua sombra e cuja maior preocupação é se alimentar das sobras do seu dia.
Não há nada mais triste e desolador do que ser vítima da inveja, da cobiça, da traição. Você chega a sentir o olhar gelado e o sorriso forçado, mesmo que de costas para a pessoa portadora da pior doença que pode habitar a alma do ser humano: A INVEJA1!
Ela passa a vida engolindo veneno na esperança que você morra!
Sai pra lá olho gordo, bororó bororó bororó!!!

terça-feira, junho 10

Amor extremo


Por Ivan Angelo 11.06.2008

Príncipe, era o nome do cão। Mestiço, corpo forte, amarronzado, bravo com invasores, atento aos admitidos, amigo dos da casa, amoroso com o dono। O homem chama-se Fernando, seu Fernando, o Espanhol, e mora a três lombadas de morro do sítio onde costumo descansar. Ele tratava o cão como pessoa: conversava, explicava, agradecia, cobrava – tudo em bom português. Príncipe comunicava-se segundo suas limitações, e se entendiam bem.

Se acaso chegava, por exemplo, um telhadista, nome que dão lá ao especialista em telhados, o dono apresentava o cão ao profissional, explicava ao animal o que o homem viera fazer, mostrava por onde ele ia se movimentar e perguntava ao cão se estava entendido. Vizinhos contam que o cão aquiescia deitando-se.
– Impressionante. O cachorro observava sossegado o serviço do homem. O cara pegava telha, sarrafo, serrava, ia ao carro buscar pregos, voltava, subia na escada, tudo bem. Quando ele se afastou da rota autorizada, para beber água na bica do tanque, o cachorro se levantou rápido e se postou na frente dele, todo arrepiado, rosnando para atacar. Se o homem não recua, já era. O Espanhol veio de lá de dentro, dar água para ele.
O dono e o cão costumavam conversar à tarde, pôr-do-sol. Seu Fernando sentado na cadeira da varanda; Príncipe, deitado ao lado, recebia uns afagos na cabeça, nas orelhas, tapinhas no tórax, e gemia suas opiniões. Eram casos, comentários, ordens. O cachorro ouvia instruções: "Príncipe, tem gambá comendo os franguinhos, os ovos. Pode não. Dava restos da rapina para o cachorro cheirar. Um, dois, três gambás amanheceram depositados no quintal da cozinha, mortos.
– Impressionante – confirmam.
Príncipe comia como rei. Vacinas, cálcio, vitaminas, tudo em dia. Mesmo bem cuidado, ficou doente.
Começou a mancar das patas traseiras. Radiografia: nada quebrado; sangue: negativo para cinomose; plaquetas: meio alteradas. Os sintomas pioraram. Recomendaram fisioterapia especializada. Seu Fernando levava pessoalmente o cão, três vezes por semana, a outra cidade, 80 quilômetros para ir, 80 para voltar. Iam conversando. Quatro meses sem resultados. Constataram câncer no reto. Operaram. O cão foi e voltou de ambulância. Tudo aceitava com a voz tranqüilizadora do dono. A recuperação foi penosa. Seu Fernando comprou um colchão de água para o doente, instalou-o na sala da casa, aplicava injeções, fazia os curativos, limpava-o, dava-lhe água e sopinha por sonda. Passou a dormir na poltrona reclinável ao lado do paciente. A ferida cicatrizou, Príncipe parecia melhorar, levantou a cabeça, apoiou-se nas patas dianteiras. Respirava mal, e mal andou, ofegante. Diagnosticaram pneumonia. Seu Fernando mandou vir equipamento de soro e oxigênio, a sala da casa parecia uma UTI. Conseguiu vencer a infecção. Príncipe levantou-se, ainda respirava com dificuldade. Constataram câncer pulmonar. Voltou para o colchão de água, o soro, o oxigênio. Opera? Não opera? Tem chances? Mulher e filhos do seu Fernando aconselharam eutanásia, fim do sofrimento dos dois, que já durava seis meses. "Nunca!", decretou o homem. Mais dois meses de agonia, ele sofrendo sem sair de perto. Príncipe morreu abraçado pelo dono.
Nessa altura, seu Fernando já não estava bem. Não largou o corpo do amigo a noite inteira, amanheceu ali balançando-se e soluçando de vez em quando, como se ninasse um adormecido. Não largou o corpo durante a manhã e a tarde. Não queria que o enterrassem, surdo aos rogos da família e dos vizinhos, entrou naquele estado pela noite, e de manhã a Defesa Sanitária, convocada, disse-lhe que ia interditar a casa. Só assim ele concordou com o sepultamento, fez o caixão com as próprias mãos, em prantos, e pessoalmente enterrou o amigo sob a mangueira.
Passa horas lá sob a mangueira, continuando as conversas da tarde। Tirando isso, está melhorando.

e-mail: ivan@abril.com.br

quarta-feira, junho 4

DAI PÃO A QUEM TEM FOME

Meu Brasil - Ilustração de Wal Pavão - Direitos Autorais Preservados

Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino.
O título recomendado pela professora foi: "dai pão a quem tem fome".
Incrível, mas o primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade.
E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional para redigir um lindo texto, que demonstra que os brasileiros verdes amarelos precisam perceber o verdadeiro sentimento de patriotismo.
Vejam o texto dessa jovem, que vem a ser uma demonstração pura de amor à Pátria e uma lição a tantos brasileiros que já não sabem mais o que vem a ser este sentimento cívico.

“Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-mundi, o nosso Brasil chorar:
O que houve, meu Brasil brasileiro? _ perguntei-lhe!
E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas:
Estou sofrendo.
Vejam o que estão fazendo comigo...
Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores.
Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes.
O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante.
Onde anda a liberdade, onde estão os “braços fortes”?
Eu era a Pátria amada, idolatrada.
Havia paz no futuro e glórias no passado.
Nenhum filho meu fugia à luta.
Eu era a terra adorada e dos filhos deste solo era a mãe gentil.
E era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula.
E não suportando as chorosas queixas do Brasil, saí de casa e fui para o jardim.
Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que nosso país ostenta estrelado.
Pensei... conseguiremos salvar esse país sem braço forte.
Pensei mais... quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?
Voltei à sala mas encontrei o mapa silencioso e mudo, como uma criança dormindo em seu berço esplêndido”.

Que exemplo!
O texto nos remete a uma reflexão muito séria quanto ao nosso papel na sociedade, especialmente levando em conta o fato de sermos uma minoria absoluta no nosso querido Brasil de analfabetos.
O momento é mais do que oportuno para seguirmos o exemplo da jovem, tomando uma posição firme e decisiva nas campanhas eleitorais que estão por vir.
Não é estranho para ninguém que nosso querido Brasil mergulhou numa crise sem precedentes, afetando direta e mais profundamente, exatamente os irmãos que têm pouca, ou nenhuma, educação e cultura e que, infelizmente, decidem efetivamente com seus votos o quadro político que estará (ou continuará a estar) à frente de nossos destinos.
O que fazer?
Ficaremos acomodados?
Deixaremos as coisas como estão?
Continuaremos apenas olhando o maior show de corrupção de nossa história?
Seremos cúmplices (por omissão), de um quadro que chega às raias da criminalidade (em todos os sentidos)?
Não dá mais para sermos apenas eleitores.
Não basta cumprir com o dever cívico cravando um x em nosso candidato.
O Brasil precisa dos que possuem esclarecimento um pouco acima da média.
Nosso povo, especialmente o mais humilde, precisa de nossa orientação, nossa ajuda mesmo, com relação aos que se propõem ocupar as vagas públicas em todos os níveis.
Só nos resta uma revolução pacífica, porém intensa e generalizada, manifestada pela atitude patriótica na condução dos que ainda não sabem o melhor caminho e não têm a escolha certa com relação aos candidatos constantes das urnas.
Assim como a jovem demonstrou seu amor à Pátria, redigindo um texto tanto patriótico quanto exemplar, devemos deixar o conforto de nossos lares e ir à luta, orientando cada brasileiro ainda em dúvida ou sem o esclarecimento necessário, fazendo com que nos livremos em definitivo dos “canceres” de nossa política e tenhamos em seu lugar, apenas aqueles comprometidos com o bem social.
O Brasil pode vir a ser um dos melhores países do universo para se morar e manter nossas famílias.
Porém a atitude pró-ativa em busca dessa mudança, orientando os milhões de analfabetos que têm direito ao voto, mas que infelizmente não sabem da importância daquele ato simples de sinalizar um x no número do candidato.
Talvez a única saída seja mesmo a luta corpo a corpo junto a esse universo excluído da formação educacional e sem o mínimo de condição para escolher os mais adequados ao nosso Brasil, neste momento tão difícil, decisivo e importante para a solução de nossos problemas.

Brasil:
Mais do que nunca precisamos entoar o nosso hino:
“Um filho seu não foge à luta”.

quinta-feira, maio 29

Clarice Lispector

Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.

As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito.

Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas...
Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas. Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo.

O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo.
Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou.
O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado.

Eu te recebo de pés descalços: esta é minha humildade e esta nudez de pés é a minha ousadia.

Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando.

Eu queria poder usar a delicadeza que também tenho em mim, ao lado da grossura de camponesa que é o que me salva.

Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, continuarei a escrever.

Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer.
De algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada nem a ninguém.
Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma.

É preciso coragem. Uma coragem danada. Muita coragem é o que eu preciso.
Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção...porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada. Sei lá porque escrevo! Que fatalidade é esta?

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela porta dos fundos.

Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero.
E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.

Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia.
Sou um o quê? Um quase tudo.

O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo.

A vida é um soco no estômago.

Eu teria um grande silêncio em mim, mesmo que falasse.

Entre meu nascimento e minha morte, todos os dias foram meus.

Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa, minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai.

Passei a minha vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.

Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu.
Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil.
Minha experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu.

Quando releio o que eu escrevo tenho a impressão que estou engolindo o meu próprio vómito.

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.

Quando eu me comunico com criança é fácil porque sou muito maternal.
Quando me comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil...
O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia muito solta.

Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando, e como você me vê passar!

Um dia uma folha me batera nos cílios, achei Deus de extrema delicadeza...

Engulo a loucura, pois ela me alucina calmamente.

Ah, viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não pára, viver parece ter sono e não poder dormir - viver é incomodo.

Não se pode andar nu, nem de corpo nem de espírito.

Não humanizo bicho porque é ofensa – há de respeitar-lhe a natureza – eu é que me animalizo.

Não é difícil e vem simplesmente. É só não lutar contra e é só entregar-se

Você sabe meu pavor de sofrer, prefiro vender minha alma

(...) O que obviamente não presta sempre me interessou muito.
Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.

Escrevo-te em desordem, bem sei.
Mas é como vivo. Eu só trabalho com achados e perdidos.

Mas a palavra mais importante da língua tem uma única letra: é. É.

Às vezes, quando disco um número, toca, toca, toca sem parar e ninguém atende: comunico-me pálida com o silêncio de uma casa oca.
Até que não aguento a tensão e, nervosa, de súbito desligo, nós dois com taquicardia.


1920- Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.1922- Seu pai consegue, em Bucareste, um passaporte para toda a família no consulado da Rússia.
Era Fevereiro quando foram para a Alemanha e, no porto de Hamburgo, embarcam no navio "Cuyaba" com destino ao Brasil. Chegam a Maceió em Março desse ano, sendo recebidos por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin, que viabilizara a entrada da biografada e de sua família no Brasil mediante uma "carta de chamada". Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tania — irmã, todos mudam de nome: o pai passa a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia — irmã, Elisa; e Haia, em Clarice. Pedro passa a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.

Leia mais http://www.releituras.com/clispector_atencao.asp













domingo, maio 25

Para 'Los Hermanos'... com carinho ...:)


Segundo recentes estatísticas, de cada 10 argentinos, 11 sentem-se superiores aos outros.

A filha chega a casa em prantos e diz para a mãe:
- Mãe, mãe, fui violentada por um argentino!
- Mas... como sabes que era um argentino?
- Ele obrigou-me a agradecer.

Qual é a diferença entre os argentinos e os terroristas?
Os terroristas têm simpatizantes.

Qual é a semelhança entre um argentino humilde e o Super-Homem?
- Nenhum dos dois existe.

Numa ensolarada manhã em Buenos Aires, um turista comenta:
- Que manhã bonita!
O argentino que passava a seu lado comenta:
- Gracias, nosotros hacemos lo que podemos hacer de mejor.

Como se faz para reconhecer um argentino numa livraria?
- Ele é o que pede o mapa-mundi de Buenos Aires.

Um argentino estava sendo entrevistado na TV. Perguntaram-lhe:

- Qual a pessoa que mais admira?
- Dios!
- E por que?
- Bueno, fue el quien me criou!

O que se deve atirar a um argentino que está se afogando?

- O resto da família.

O que é o ego?

O pequeno argentino que vive dentro de cada um de nós..

Qual é o negócio mais lucrativo do mundo?
Comprar um argentino pelo que ele vale e vendê-lo pelo que ele pensa que vale.

O argentininho fala com o seu pai:

- Papa, quando yo crescer yo quiero ser como usted.
- Y por que, mi hijo?! - pergunta o orgulhoso argentino.
- Para tener un hijo como yo.

Por que há tantos partos prematuros na Argentina?
- Nem as mães aguentam um argentino por 9 meses!

Por que é que os argentinos em geral, preferem não se casar?
- Porque eles nunca encontram uma mulher que os ame mais do que eles se amam.

Por que é que não há terremotos na Argentina?
- Porque nem a terra os engole...

Sabem o que dá no cruzamento de um nordestino com um argentino???
Um porteiro que pensa que é sindico.


terça-feira, maio 20


Eu perdi um guarda chuva semana passada, mas a barriga não - está aqui comigo!!!
Não entendo como alguém pode perder a barriga?!
Perder a cabeça sim, acontece vez ou outra com qualquer pessoa, agora, A BARRIGA?
Acho que deveriam tentar o setor de Achados e Perdidos do Metrô ou dos Correios.
E se não acharem, então o jeito é apelar mesmo pro Santo.... :)


Pegue uma vela branca, um copo d'água e uma imagem de Santo Antônio enrolada numa fita métrica.
Meça com a fita métrica a sua barriga, faça uma marca na fita com uma caneta, antes de enrolar a mesma na imagem do Santo.
Coloque tudo isso aos seus pés e deite-se no chão, de barriga para cima.
Toque então com as pontas dos dedos (da mão) nas pontas dos pés (que não devem se afastar do chão), dizendo bem alto:
'SANTO ANTÔNIO , ME TIRA ESSA BARRIGA!'
Repita isso 500 vezes por dia até chegar ao ponto desejado.
Você vai ver: é tiro e queda!!!

quinta-feira, maio 15

Juventude Eterna


Martha Medeiros

Essa história que eu vou contar agora aconteceu com uma mulher inteligente que estava fazendo uma palestra.
Diz ela:
-Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A plateia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?
Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se mudança.
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um
cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...

quarta-feira, maio 14


PAZ PARA O POVO AYMARA

De acordo com o povo Aymara (que vive na Bolívia e Peru),
existem sete tipos de paz.
O primeiro tipo de paz é para dentro de cada um de nós.
Com a saúde de nosso corpo, a clareza de nossa mente,
a satisfação com nosso trabalho,
a alegria com a pessoa que escolhemos para amar.
Sem paz consigo mesmo, não há Paz.
O segundo tipo é para cima,
paz com os espíritos de nossos antepassados,
com o
Deus de cada um.
Sem paz com o mundo espiritual,
ninguém fica totalmente em Paz.
A terceira paz é para frente,
com o seu passado.
Diferentemente dos homens brancos ocidentais
que põem o passado para trás,
os Aymara o colocam para adiante,
por ser o visto, o vivido, o conhecido.
Quem tem remorsos, culpas, dívidas não pagas,
arrependimentos não pode alcançar a Paz.
A quarta paz é para trás,
com o futuro de cada um.
Pois quem teme o que virá,
se apavora com o que terá de enfrentar,
com a possibilidade de más notícias não está em Paz.
O quinto tipo de paz é para o lado esquerdo,
com os nossos familiares.
Desavenças domésticas, disputas, queixas, ranger de dentes
com a família e com amigos próximos impedem de se alcançar a Paz.
A sexta é para o lado direito,
com nossos vizinhos.
Estar pacificado na própria casa
e em desavença com a casa ao lado
traz impedimentos para a verdadeira Paz.
A sétima e última paz é para baixo,
com a terra em que você pisa e de onde tira o seu sustento.
Se você provoca a tempestade ou a seca,
se o solo tremer você não terá a santa Paz.

terça-feira, maio 13

Caso Isabella: a dor da falta de sentido


Arnaldo Jabor

Tentei não ler sobre a morte de Isabella
Também evitei, na época, os detalhes do assassinato do menino João Hélio.
Na minha profissão, há que selecionar horrores.
Mas não consegui.
Vi o desfecho do caso da menina morta em São Paulo.
A tragédia não é só das vítimas, mas nós também sofremos para entender o mal incompreensível.
Cresce aos poucos uma pele de rinoceronte em nossa alma; com o coração mais duro, ficamos mais cínicos, mais passivos diante da crueldade.
Como escreveu Oswaldo Giacoia Jr.: 'O insuportável não é só a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido.'
Como entender que um pai e uma madrasta possam ter ferido,estrangulado e atirado uma menininha de cinco anos pela janela?
Como entender a cara sólida e cínica que eles ostentam para fingir inocência?
Como não demonstram sentimento de culpa algum?
Ninguém berra?
Ninguém chora?
Como podem querer viver depois disso?
Como essa família toda - pais, mães, irmãos - se une na ocultação de um crime?
Como o avô pôde dizer, com cara-de-pau, que 'se meu filho fosse culpado eu denunciaria'?
Que quer esta gente?
Preservar o bom nome da família?
Mas são parentes ou cúmplices?
Como podem os advogados de defesa posar de gravata e terninho e cara limpa, falando de uma 'terceira pessoa'?
Sei que eles responderiam: 'Todos têm direito de defesa...'.
Mas como é que eles têm estômago?
A polícia deu um show de bola pericial no caso Isabella, mas dá para sentir que nossa estrutura penal está muito defasada com este espantoso crescimento da barbárie.
Como se pode tolerar que um sujeito que foi condenado na semana passada somente a 13 anos por ter esquartejado a namorada, alegando 'legítima defesa', possa ficar em liberdade 'até esgotar todos os recursos que a lei prevê', como disse o STJ?
Como entender que aquele jornalista Pimenta Neves, que premeditou o assassinato da namorada com dois tiros pelas costas e na cabeça, condenado já há seis anos, esteja em liberdade ainda, na boa?
E aquele garoto que matou pai e mãe nos Jardins, em São Paulo, e a família rica conseguiu esconder tudo?
As leis de execução penal têm de ser aceleradas, as punições têm de ser mais temíveis, mais violentas, mais rápidas. Há um crescimento da
crueldade acima de qualquer codificação jurídica.
Esta lentidão, este arcaísmo da Justiça é visível não só nos chamados 'crimes de classe média', como também na barbárie que galopa nas periferias.
O Elias Maluco, lembram?, aquele que matou o Tim Lopes com golpes de espada, estava em liberdade condicional, pois a lei concede isso ao 'cidadão'.
Que cidadão?
O conceito de cidadania tem de ser revisto.
Cidadania é merecimento.
Surgiu na miséria do País uma raça de sub-humanos, sub-bichos que todos os dias degolam, esquartejam, botam no microondas e são 'cidadãos', 'tão ligados?'.
Qual será o nome dessa coisa informe que a miséria está gerando?
É uma mistura de lixo e sangue, uma nova língua de grunhidos, mais além da maldade, uma pura explosão de vingança.
Não se trata mais de uma perversão do humano, mas de uma perversão do animal em nós.
'Ah, a lei é igual para todos...', dizem os juristas de terno
brilhante e bochechas contentes.
Sim, tudo bem.
Mas há novas formas de crime que têm de ser estudadas e antigos direitos e penas têm de ser revistos.
Os pensadores da Justiça continuam a tratar os crimes como 'desvios da norma', praticados por cidadãos iguais.
Tem que acabar o tempo dos casuísmos, das leniências, das chicanas.
Vivemos trancados num racionalismo impotente diante desse bucho indomável da miséria, do alien que se forma como um monstro boçal nas ruas e periferias.
Com o congestionamento de fatos tragicamente insolúveis, no beco sem saída da sociedade, vejo se formar um desejo crescente pelo horror, pela crueldade, quase que uma fome de catástrofe.
Não falo dos analfabetos desvalidos e loucos, mas os assassinos de classe média já têm o prazer perverso de fazer o inominável.
E este casal de pedra, estes monstros?
Será que vão se defender em liberdade, esgotando 'todos os recursos da lei', como o esquartejador com 'justa causa' ou o assassino daquela menina morta pelas costas, livre e solto?
Serão condenados a dez aninhos com atenuantes e macetes?
Que acontecerá com eles, depois de estrangularem e jogarem a filha pela janela?
A lei tem de ser mais temida, mas rápida, mais cruel.
Esse vazio da Justiça explica o sucesso de filmes como 'Tropa de Elite' e até fantasias de linchamento em todos nós.
Vejam as portas da cadeia onde estavam os dois assassinos.
E, por fim, por que tantos crimes contra as crianças?
O caso do João Hélio, crianças decapitadas na Febem, crianças jogadas em pântano em Minas, crianças no lixão, aquela psicopata em Goiás que contratava meninas pobres para torturar, e mais: pedofilia, espancamentos, tudo...
As crianças são fontes inconscientes de terror, de Heródes a Édipo e Moisés.
O rei Agamenon matou sua filha Ifigênia para ter tempo bom em uma guerra.
Que dizem os antropólogos dos rituais de matança de inocentes, como foi em Pedra Bonita, que ficou vermelha do sangue?
Em sociedades primitivas, o sacrifício de animais e o sangue de inocentes servem para afastar doenças, prever o futuro, saciando o ódio dos deuses.
Será que matam nessas crianças de hoje o horror a um futuro que não há mais?
Lamentamos uma harmonia ainda inexistente e almejamos que ela seja alcançada.
É tão inútil usar as palavras racionalmente, diante da brutalidade deste 'outro País' do crime e da miséria, que caio em desânimo: que adianta ficar os últimos 17 anos escrevendo em nome de uma 'razão'?
E perguntamos, horrorizados: 'Por que eles fizeram aquilo?'
Resposta: 'Por nada...'.

Uma Declaração de Amor a São Paulo


Nós paulistanos também temos uma ponte estaiada, construída nos moldes da mais alta tecnologia. A única no mundo com curvas em ângulo de 60 graus.
Uma Maravilha!!!
Fica em frente a TV Globo, na Marginal Pinheiros e eu e Marcelo fomos conhecê-la (já que o café no aeroporto ficou difícil pois agora tem que pagar estacionamento caríssimo.....rsss).
Não fomos os únicos. São Paulo inteira estava lá!
Não bastasse o trânsito de todo dia, fomos "pegar" um dos bem bravos à noite, em cima da nova ponte....ao menos passou no teste de capacidade de carga, aguentou firme o peso da Curiosidade e Orgulho em ver como essa Cidade esta mais bonita.
Um verdadeiro Cenários de filme!
A ponte iluminada em cores de outono, alternando o verde, vermelho, roxo e azul;
lá bem abaixo as luzes dos faróis dos automóveis refletidas pelo Rio Pinheiros numa sinuosa dança em curvas das marginais; o trem passando vagarosamente ao lado das pistas, como se tudo tivesse sido ensaiado com antecedência para se compor aquele cenário de beleza ímpar, não deixando a dever nada para qualquer outra obra da engenharia mundial - comenta-se que a Nova Ponte Octávio Frias de Oliveira será um dos 10 pontos turísticos mais visitados em São Paulo.
Então pude perceber que apesar de todo o transtorno de uma grande Metrópole com suas mazelas e violência, ainda assim eu não saberia viver fora desta Cidade.

São Paulo EU TE AMO!

Wal Pavão